Sonoro é o ruir das noites sem poesia.
Furo os bicos dos meus seios com cacos de tesouras velhas.
Bebo telhas noites inteiras
metade limo e a outra pó.
Rasgo bainhas de longas saias pretas e as refaço até o dia explodir meus olhos
Me equilibro sobre o parapeito da janela escancarada vasculhando o nada
Corto meus pulsos com lascas de ferrinhos esfumaçados de ferrugem.
Grafito pálpebras nas árvores daquele beco onde nos lambíamos
e me esfrego nas bocas de lobo do baixo Augusta
taturana tatuada nas nódoas dos muros do Araçá.
Ruído só do silêncio profundo zunindo dentro dos meus tímpanos.
E o que me habita é um vulto indefinido na madrugada indefinida.
Para a plaquete Convulsões, inédita, comemorativa dos Cem anos do Surrealismo.
Texto e imagem: Facebook da autora
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