Me dê cinco minutos Veja bem não é nada Cinco minutos somente Cinco minutos a meu lado É este tempo que quero Pra tocar tua mão Acariciar teus cabelos Roçar meus lábios nos teus
Cinco minutos, só isso que peço Cinco minutos a teu lado Nada mais eu te peço Cinco minutos somente
Será que nossa história Não vale esse tempo Cinco minutos Contigo a meu lado
Só quero um abraço Um beijo bem dado Teus olhos nos meus Cinco minutos a teu lado
Nada mais eu te peço Cinco minutos Pra ti não é nada Pra mim é lembrança Pra sempre guardada
Lembro com clareza o dia que você nasceu, peguei sua mãozinha e ela cabia todinha dentro da minha, sobrava espaço, poderia dizer que caberiam várias mãozinhas ali juntas. E por um bom tempo foi assim, tua mão em minha mão, sempre sobrando espaço, sempre seguro por mim, te acompanhei em cada passo.Você foi crescendo, aprendeu a caminhar, se deu assim, nossa primeira ruptura, você precisava por aí sozinho andar.Mas volta e meia ainda era assim, tua mão em minha mão, dependias de mim.Os anos continuaram passando, nossas mãos aos poucos foram se soltando. Posso até dizer que éramos mãe e filho meio diferentes, sempre avessos aquelas convenções que o mundo ensina pra gente.Nos permitimos alguns vai a mer…. de lado a lado, e até coisinhas mais pesadas, não era falta de respeito, acredito que era nosso jeito, na verdade sempre fomos muito amigos, e entre amigos até palavrões são permitidos.Mas ainda assim, volta e meia tudo voltava ao inicio, tua mão em minha mão, se estavas meio perdido ou não encontravas teu chão.Teve a primeira namorada, e eu que sempre pensei que de ciúmes seria tomada, achei aquilo tudo tão bonito e nem precisa te dizer, por ela também fiquei apaixonada.Mas mesmo assim, já não era somente minha mão em tua mão, e se deu assim mais uma ruptura, era hora de te dividir com alguém, não exisitia problema, nem triste isso era, porque na verdade só o que quero é alguém que te queira bem.Tivemos brigas é verdade, momentos em que tua mão em minha mão não ficaria, que nossas idéias em tudo discordavam, que não conseguíamos encontrar um meio termo, quando simplesmente não nos acertávamos.Mas ao lembrar delas agora, não me parecem ter uma grande proporção em nossa história, posso dizer que a maioria apaguei de minha memória, e as que por aqui ainda ficaram, só servem para lembrar que bons amigos, não precisam em tudo concordar.Sei que às vezes até tentávamos permanecer brabos por um bom tempo, mas se bem me lembro, nosso tempo não conseguia passar de um dia, e lá estávamos nós, tua mão em minha mão, minha mão em tua mão.E continuaste crescendo, enquanto aprendias a dirigir, não posso negar, tive medo, naquele momento, tua mão na minha mão de nada adiantaria, estavas tomando o rumo de tua vida e minha mão aos poucos soltaria.Enfim, és um homem meu filho, mas volta e meia lá vem os medos da vida que assombram a todos nós, e volta e meia, tua mão em minha mão o consolo ainda encontra.Mas hoje filho querido, o dia que aguardas a resposta tão esperada por ti, não tive eu a coragem que necessito para ficar aí contigo.Preferi sair assim, de fininho, meio escondido, e te deixar com teu pai, tão mais forte que eu nessas horas decisivas.Se der certo (e com certeza dará) ele contigo vai comemorar, e se…(isso não acontecerá) eu sei que melhor que eu ele vai te consolar.Porque eu filho querido,
seja o resultado que for, antes de mais nada precisarei ser consolada.Porque sei que em breve estarás partindo e tua mão em minha mão, menos vezes ficará.Sei que as pessoas pensam que és muito dependente, que precisas de mim pra tudo, e que sou eu que incentivo isso, pra te ter sempre a meu lado, pra que fique sempre assim, tua mão em minha mão.Mas eu não concordo com isso, e o que as pessoas não entendem, e eu já desisiti de explicar, é que não parte o filho somente.Parte meu grande amigo, um grande companheiro, amigo de brincadeiras, de falar várias besteiras, de rir aquele riso solto,das brincadeiras de mau gosto. E como explicar isso, se ninguém entenderá, que nada vai me fazer mais falta, do que aqueles momentos que minha mão, tua mão não encontrará. Mas nada disso importa, eu sei que vais conseguir, terás muito sucesso e teu caminho vai seguir, e se em algum momento tu sozinho te sentir, é só chamar a mim, que em minha mão tua mão vou segurar.E o mais importante de tudo isso, onde eu acredito realmente ter acertado, é que há de chegar o dia, em que eu já muito velha, vou também precisar de ti, e será nesse momento que eu vou encontrar alento, pois eu tenho certeza que em tua mão, minha mão repousará.
by Victor Garza·Comments Off on Quando o lá se transforma em ali
Tenho uma amiga morando na Alemanha.
A Alemanha para mim sempre foi lá, muito longe, principalmente porque
minha bagagem turística só atravessa a fronteira gaúcha, a Alemanha,
minha nossa, era muito lá.
Mas foi depois que minha amiga foi morar na Alemanha, que na verdade nos
tornamos amigas, antes disso ela foi professora de matemática de minha
filha, minha parceira no grupo de vôlei, éramos conhecidas, mas não
amigas. Quando fiquei sabendo que ela partiria, sei lá porque motivo,
fizemos um trato.
Todos os meses vamos nos corresponder, eu te escrevo, tu me escreves, simples assim, meio de brincadeira até.
Mas deu certo, é claro que como boas amigas já atrasamos nossa
correspondência algumas vezes, mas seguimos firmes, carta para Alemanha,
carta para o Brasil.
E foi assim que nos tornamos amigas de verdade, de confidências, de segredos.
Já contei a ela coisas que não contei a ninguém, já nos consolamos, rimos, ficamos felizes e tristes, sempre por carta.
Pronto o lá se transformou em ali.
Para mim hoje a Alemanha é logo ali, tem a distância de um envelope que
me chega as mãos todos os meses, recheado de novidades, carinhos,
passeios turísticos, sei mais sobre a Alemanha hoje do que sei sobre a
cidade após a minha.
Sei quando está frio lá, e como é frio.
Sei quando é verão.
Quando recebo aquela carta, leio e fecho os olhos, posso até me sentir na Alemanha.
Simples assim, ter uma amiga na Alemanha, senão fosse um exagero, quase me transformaria em alemã.
O lá é logo ali, a distância é medida pelo prazer de uma amizade, pelas
novidades, pelas noticias, pela capacidade de construir e manter uma
amizade em universos tão distantes e diferentes.
Talvez eu nunca vá na Alemanha, talvez, sei lá, mas hoje quando penso na Alemanha, não me parece lá, chego a pensar.
É logo ali, minha amiga mora ali, bem pertinho de mim, na Alemanha.
Não desta vida, deste mundo ou desta cidade.
Vou partir do resto.
Dos amigos que acreditei ter e me faltaram.
Da família que pensei possuir e desintegrou-se.
Das verdades que acreditei e revelaram-se grandes mentiras.
Dos sonhos que sonhei em vão.
Vou partir enfim.
Da vida que descobri não ser a minha.
De mim que já nem conheço mais.
Vou partir simplesmente.
Deixar para trás as mágoas que me causaram, a dor que me infringiram e as tristezas que me impuseram.
Vou partir de mim, porque somente assim poderei me encontrar.
Me olharei de fora, do mesmo jeito que me olham e quem sabe então, passarei a me conhecer melhor.
Vou partir simplesmente.
Sem nem me despedir.
E quando eu decidir voltar, talvez surpreenda os outros e a mim mesma.
Serei diferente com certeza.
Amigos, terei pouquíssimos, um ou dois no máximo, mas na verdade não me
importarei com eles. Conversaremos sobre banalidades, riremos de algumas
coisas, mas se a conversa se tornar séria, levanto e saio, volto para
mim mesma. Não hei de me preocupar se sofre ou se chora, não me
importará mais.
Família, somente os que me sucederam, os que vieram antes de mim também
não me importam. Não conversaremos, não haverá nem banalidades e nem
sorrisos.
As verdades que se tornaram mentiras, essas vou usar, assim como todo
mundo, mentiras somente, soará falso a mim com certeza, mas aos outros
será somente verdade, é fácil crer em mentiras porque a verdade sempre
da mais trabalho, então farei assim, mentirei somente, como todos
mentem.
Os sonhos, esses já não os quero, vou deixá-los pelo caminho, e não
colocarei outros em seu lugar, pra que sonhar, se vivemos na realidade, e
é ela que precisamos enfrentar.
Vou partir, isso mesmo, e retornarei um dia, mais dura, mais cética, mais realista, igual a todos os humanos.
Talvez as vezes venha a me sentir só, mas pelo menos saberei que estou só por escolha e não por abandono.
Vou partir e quando eu voltar talvez eu nem goste muito de mim, mas isso
também não importa, porque desisti da idéia que amar vale a pena.
Vou partir, sem nem me despedir, não quero dar tchau para mim, porque
talvez num último instante eu venha a fraquejar e volte a acreditar.
Que amigos existem, família também.
Verdades são verdades e sonhos necessários.
Vou partir bem ligeiro, sem olhar para trás, porque a última coisa que
quero é ver lágrimas em meus olhos, porque com certeza, apesar de tudo,
vou sentir muita falta de mim.
Você partiu. Um sempre parte quando outro se sente só. E eu me sinto muito só. Em tua defesa você poderá dizer que era preciso, foi tudo tão rápido que nem deu tempo de ser diferente, eu, em minha, poderei dizer, que nunca vivi tão só, tenho andado sozinha como nunca andei, feito sozinha coisas que nunca fiz. Você partiu. E nem mesmo nas doses homeopáticas de tua presença em minha vida, estás totalmente aqui, me sinto só, em tua defesa poderás dizer, que era para o bem de todos, que o fim justificam os meios, eu, em minha, poderei dizer, que fiquei só, terminando sonhos que nunca foram meus, enfrentando coisas que nunca quis. Você partiu. Um sempre parte quando outro se sente só. E eu me sinto muito só. Meu maior medo é que um dia eu me acostume, a gente acostuma com tudo nesta vida. E então quem sabe o fim se resuma em acusações cruéis. Em sua defesa você vai dizer que sempre esteve aqui. Eu, em minha, direi, que você estava tão distante que nem percebeu o quanto eu me senti sozinha.