Hoje também tem poema novo, e estou definitivamente assumindo minha verborragia.

Não adianta, não consigo ser minimalista. kkkkkk

Vamos lá!

VERBORRAGIA

O poeta está grávido

de um par de versos. Não são gêmeos.

Pela data, parece que serão piscianos.

Servirão, talvez,

para execução ao piano

numa sala de concertos

na quebrada paulistana:

território de um erudito marginal

que tenta existir perante a infâmia neoliberal.

O prenho arquiteto vive em interrogações:

Que verbo carrego dentro de mim?

O verso é longo ou curto?

Menino-poema ou poesia-menina?

Minimalista como um verso chinês

ou verborrágico como um filme francês dos anos 60?

Jean-Luc não nunca soube,

aliás, ele já sucumbiu.

Foi num weekend à francesa que

capitulou aos blockbusters pós-ano 2000.

Que sera, sera…

whatever will be, will be…

Que feição terá o poema prestes a ser parido?

Meio pássaros de Hitchcock,

meio mosca de Cronenberg?

No dia do parto, surpresa!

O poeta trouxe à luz

múltiplos versinhos estranhos.

Criaturinhas famintas de atenção

querendo ser desvendadas,

já com dentes maldosos, pavorosos, serrilhados.

Decifra-me ou devoro-te.

Devora-me ou trituro-te!

As crianças de hoje são mais esfomeadas

que as de qualquer tempo.

E o poeta volta a engravidar de novas ideias.

Quem sabe ele compõe um

poema-centopeia?

#PoemasDoAlessandro

Texto e imagens: Feicebuque do Alessandro de Paula


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