Leiam! Eu li e me sinto emocionado e gratificado.

Quem sabe o que é APOROFOBIA?

APOROFOBIA: de origem grega, á-poros (pobres) e fobos (medo) é o medo e a rejeição aos pobres.

Trata-se de uma questão histórica, e que só recentemente começou a receber a nossa merecida atenção, ganhando inclusive nome próprio. E apesar de milhões de brasileiros ainda não saberem do que se trata, foi através do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, de São Paulo, que a aporofobia saiu do anonimato.

Mais do que o medo aos pobres ou às pessoas em situação de rua, observamos em todos os lugares do Brasil, em cidades grandes e pequenas, o crescimento da rejeição e do descaso com tanta gente, crianças, homens e mulheres que sofrem por não ter uma moradia e um trabalho dignos. É visível em todas as camadas sociais, na indústria, no comércio, nos políticos e nos gestores públicos, a preocupação de apenas livrar-se do problema momentaneamente, jogando estas pessoas de um para outro lugar, afastando-as  longe da nossa porta, tentando covardemente escondê-las.

Neste RUA QUALQUER, SEM NÚMERO, Marcelo Brettas trata com sensibilidade e com conhecimento de causa deste delicado tema da nossa sociedade. Em 09/02/2023, com o apoio do Padre Júlio Lancellotti, que escreveu o prefácio do livro, 400 exemplares foram ofertados para pessoas em situação de rua no centro de São Paulo.  E o Marcello Brettas há muito tempo é um dos mais ativos incentivadores e colaboradores, doando livros e chamando a atenção junto com o Padre Lancellotti para a criação da biblioteca dos povos de rua.

Quando falei sobre esta ação para um conhecido do meu trabalho, ele me questionou porque entregar livros e não roupas, remédios e comida. Lembrando dos Titãs, a minha resposta vale para todos os que pensam como ele: “A gente não quer só comida/A gente quer comida, diversão e arte/A gente não quer só comida/A gente quer saída para qualquer parte.”

A “saída para qualquer parte”, no meu entender, refere-se à liberdade de ir e de vir, tendo as condições como eu tenho e tantas pessoas têm de ir e vir com dignidade, sem passar fome e sede, sem passar frio, tendo casa pra morar, trabalho, escola, remédios, cultura, podendo ter livros e lazer.

Eis porque esta ação do Marcelo Brettas com o padre Júlio Lancellotti foi tão importante e deve ser um incentivo para outros movimentos semelhantes.

RUA QUALQUER, SEM NÚMERO é lugar/livro/casa muito fácil de encontrar por quem se preocupa em estender a mão, abraçar, ouvir, entender e ajudar.
Pra encontrar este endereço não precisa se orientar pelos astros, por uma bússola, mapas, IP, GPS…

Este livro é um lugar de acolhimento que espera todo mundo de páginas abertas de canto a canto, de portas escancaradas para nos envolver num abraço de emoção, de surpresas, de encantamento e de solidariedade. O endereço é logo ali, em todo e qualquer lugar, em toda e qualquer rua, avenida, marquise, praça, ponte, viaduto, em toda e qualquer esquina ou rua sem número deste país onde há vida, onde a vida pulsa e onde ela deve ser respeitada e preservada.

Não dá pra errar o endereço, nem de olhos fechados, desde que o seu coração esteja sempre aberto para a acolhida.

Se você já conhece, compartilhe, indique, recomende; se ainda não conhece, o que está esperando?

Um abraço do Remisson


Uma resposta para “RUA QUALQUER, SEM NÚMERO, de Marcelo Brettas (editora Koju, 2022)”

  1. Avatar de Remisson Aniceto

    Quando foi lançado este livro do Marcelo Brettas, fui dos primeiros a ler. Gostei tanto que escrevi sobre ele no feicebuque e postei vídeos no instagram. Agora, depois de uma pequena revisão, republico aqui para os leitores da Revista PROTEXTO. Procurem por este livro e depois escrevam sua opinião aqui nos comentários. Um abraço.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.