I

E eu me pergunto
pelas avenidas
qual delírio ostentas
nesses céus de organdi…

Mágica palavra, aço-concreto
teu pulmão encarde.

Teis, etês, em dejetos
sucumbem.

Ó poeta, canta outras maravilhas!

II

Aqui nos defrontamos
com o perigo.
O mistério nasce
além do Jaraguá
enquanto nuvens de chumbo
anoitecem e penteiam
as franjas do caos.

III

As pernas abertas
e o vento.
No parapeito do quarto,
Piva e a papoula.

Viajando à noite
pelo nevoeiro,
o Anhangabaú não é um rio…

Gastas e cotidianas
prostitutas brilham.

Tamanduateí afora,
teus despojos correm.

Luis Avelima – Poeta, escritor, tradutor e jornalista, nasceu em Alagoa Nova, na Paraíba. Vive em São Paulo há mais de 40 anos. Tem muitos livros editados e traduziu autores como Dostoievski e Mikhail Bulgakov, além de ter gravado dois CDs como intérprete.

Os poemas acima são do livro Maismequer J(oão Scortecci / Chico Moura Editores, 1986, SP)

Foto: Luís Avelima, Márcio Catunda e Rentato Gonda, na Livraia Martins Fontes da Avenida Paulista.

Fonte dos poemas: https://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/cidbr/sp/sp19.php


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