Iniciada em julho de 1936, com término entre março e abril de 1939, foi um confronto bélico após o fracasso do golpe de estado de alguns militares, entre eles Francisco Franco, que não foi o seu principal mentor. Essa guerra teve o apoio da igreja e dos partidos espanhóis de direita, que se sublevaram contra o governo espanhol republicano eleito pela maioria dos espanhóis
Este conflito afetou não apenas os espanhóis, sendo considerado um dos maiores episódios do século 20, e estopim da Segunda Guerra Mundial, além de ter servido de ensaio para os armamentos de guerra novos de Adolf Hitler (Alemanha) e para Joseph Stalin (União Soviética), como experiência política.
Por volta de 1930, antes do início da Guerra Civil, o clima político e social era tenso, como consequência do golpe de estado realizado pelo capitão-general da Catalunha, Miguel Primo de Rivera, com a conivência do Rei Alfonso XIII, o que levou a Espanha à ditadura militar (1923-1930).
Em 1931, após as eleições municipais e a partida do rei ao exílio, foi instaurada a Segunda República. Além disso, houve crescentes conflitos entre esquerdistas, apoiados pelos sindicatos e partidos políticos de esquerda; e entre nacionalistas, com tendência fascista, amparados, por sua vez, pelo clero, exército e latifundiários. A Frente Popular esquerdista, eleita democraticamente em fevereiro de 1936, que defendia o Governo Republicano, em contraposição à frente nacional de direita, pretendia combater o fascismo crescente em território espanhol e em outros países europeus, e contava com o apoio da União Soviética.
Este contexto de enfrentamento ideológico foi a causa para que a guerra deixasse de ser um evento estritamente espanhol para ganhar importância entre forças que disputavam a hegemonia mundial.
O clima turbulento interno motivado pela intensificação da luta de classes, em especial entre anarquistas e falangistas, provocou assassinatos políticos, instabilidade e perda de prestígio da Frente Popular. Por outro lado, os direitistas, derrotados nas eleições espanholas, mas entusiasmados com os sucessos de Hitler, passaram a conspirar com os militares e com o apoio dos regimes fascistas (a Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini e Portugal de Salazar), acreditando que um levante dos quartéis, seguido de um pronunciamento dos generais, derrubariam facilmente a República. Entretanto, nas principais cidades, Madri e em Barcelona, capital da Catalunha, o povo saiu às ruas, levando o golpe ao insucesso. Foram formadas milícias anarquistas e socialistas para resistir ao golpe militar. Com o fracasso, o conflito tornou-se guerra civil no dia 18 de julho de 1936, quando o exército insurgiu contra o governo da Segunda República Espanhola.
Além dos ataques que arrasaram Guernica, os bombardeios mais virulentos foram realizados sobre a cidade de Barcelona pela aviação italiana e alemã, que provocou um grande massacre da população civil, que também serviram de experiência para os bombardeios que a Europa sofreu na Segunda Guerra Mundial.
Fator decisivo para a vitória do general Franco foi a unidade que conseguiu impor sobre as direitas e a superioridade militar. Em pouco tempo, a Espanha foi dividida em duas facções, a zona nacionalista, dominada pelas forças do General Franco, e outra, a zona republicana, controlada pela esquerda. Nas áreas desta segunda, houve uma revolução social: terras foram coletivizadas, as fábricas e os meios de comunicação tomados pelos sindicatos.
Em algumas localidades, os anarquistas chegaram a abolir o dinheiro. Em 1938, com o país dividido pelas forças franquistas em duas partes, a Catalunha foi isolada do resto do país. No dia 26 de janeiro de 1939 as tropas franquistas tomaram Barcelona e, no dia 28 de março, Madri se rendera aos franquistas, após ter resistido por quase três anos a poderosos ataques aéreos, de blindados e de tropas de infantarias.
O clima entre os civis
Os conflitos, batalhas e guerras envolvem estratégias organizacionais e militares que acometem a todos, indistintamente. A população civil é a primeira a ser atingida e violentada nas suas atividades cotidianas e convicções, correndo riscos pessoais, em nome daqueles que tem o poder de decisão do confronto bélico ou dos acordos, da guerra ou da paz, e da vida ou da morte de milhares de pessoas.
Homens, mulheres e jovens são arregimentados, convocados, ou mesmo, arrebatados pelo entusiasmo para as frentes de batalha para lutar por uma causa, por vezes, que não são as suas. Dão o seu sangue, defendem a sua terra, enfrentam perigos e momentos de terror, veem com seus próprios olhos companheiros tombando ao seu lado – sem saber se serão os próximos –, são levados para longe das suas casas e famílias, e, bruscamente, veem-se em situações inimagináveis e fora do controle. As circunstâncias dramáticas, em condições extremas, levam pessoas ao desespero: à luta pela própria vida; à busca por qualquer tipo de alimento, para apaziguar a fome; à busca por notícias, para apaziguar as incertezas e as saudades; à busca de companheiros e de afeto, para apaziguar a solidão e o medo da morte.
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Adaptado do texto “A guerra que mudou a Europa”