Quem acompanha ou já acompanhou novelas da Globo, vai perceber que a tônica da novela são relacionamentos complicados geralmente entre pessoas que se amam e se odeiam ao mesmo tempo.
Vemos um fazer barbaridades com o outro e logo depois estão novamente conversando, interagindo, se encontrando em festas e acontecimentos familiares.
E, por acontecer na televisão, as pessoas acham que o mesmo deve ocorrer na vida real.
Discordo veementemente.
A vida já é dura por si. Trabalhar, pagar contas, pensar no futuro já é complicado e difícil para qualquer um. A gente não precisa de drama de novela no nosso dia a dia.
Na novela, os personagens são obrigados a conviver na trama. Mas na vida real, a gente não é obrigado a conviver com ninguém com quem a gente não queira.
A gente não é obrigado a se relacionar com quem nos fere, nos sacaneia, nos faz mal, nos trai, nos agride.
Em compensação, queremos conviver com quem nos ama, nos trata bem, se preocupa conosco e nos dá alegrias.
Assim, as relações humanas vão se fortalecendo conforme as pessoas se sentem bem interagindo, independente se são família, amigos ou colegas de trabalho. Por conseguinte as relações ruins vão se deteriorando mesmo que seja entre parentes, irmãos, pais e filhos.
Observo que, se baseamos em relações que nos fazem bem, não necessariamente é aquela que se iniciou por laços de sangue.
O mesmo vale para relações profissionais.
Eu contrato um profissional esperando que ele cumpra o que foi combinado visando o melhor para mim na sua especialidade. A gente não pode exercer todas as profissões, temos que indicar ao especialista o que não temos condições de resolver. E se o profissional lhe desaponta, não temos obrigação de continuar com ele.
Essa postura de se afastar de quem nos faz mal ou joga contra nós parece ser simples. Não existiriam novelas e dramas se todos agissem dessa forma.
Na prática é um pouco mais complicada porque exige que se tome uma atitude e se escolha um lado.
E do lado de quem você vai ficar?
Do seu, lógico. E também do lado de quem você ama, de quem te ama, de quem te ajuda, de quem se importa com você.
Afastar-se de quem prejudica ou prejudicou quem você ama é o que eu chamo de lealdade.
Não dá para ser amigo de todo mundo se são dois lados conflitantes.
Relevar que alguém faça mal a uma pessoa que você ame é exatamente não amar aquela pessoa. Pois amar é apoiar, é ficar do lado, é escolher o lado de quem você ama no matter what.
Mesmo que a pessoa em questão nunca tenha feito nada de ruim diretamente para você, o conceito de lealdade é isso mesmo: não fez para mim mas fez mal a quem eu amo.
E se sua lealdade para determinada pessoa está confusa, cabe reavaliar seus sentimentos para aquela pessoa.
Se você não ama, não consegue ser leal a ela, é melhor se afastar.
Para mim, não existe o cinza em relacionamentos.
Ou é branco ou é preto.