Os poetas dizem isso há muito tempo. Mas nós freqüentemente esquecemos: a vida é breve.
Palavras de amor, gestos de solidariedade, manifestações de afeto — nada disso pode esperar, pois a vida é breve. Não podemos correr o risco de deixar para depois aquilo que pode desaparecer de repente. Todos os dias tecemos um pedaço da trama da vida como se ela fosse eterna, pois não sabemos quando ela vai se desfazer.
A vida não termina; é interrompida. Não existe um enredo predeterminado para cada um de nós, com começo, meio e fim. Um dia, paramos subitamente no meio de um gesto, como uma cena de filme que de repente é congelada na tela. Para sempre.
Por isso, a morte, mesmo sendo a coisa mais banal do mundo, pois acontece a todo instante, em todo lugar, sempre nos surpreende. Já? Ninguém é tão velho que não possa viver mais um dia. Ninguém é tão jovem que não possa partir agora.
Um poeta italiano chamado Salvatore Quasimodo expressou essa idéia muito bem em três versos:
“Cada um está sozinho sobre o coração da terra
atravessado por um raio de sol.
E de repente é noite.”
O raio de sol que nos atravessa e ilumina dura um breve instante; de repente, é noite, não há mais sol, ninguém mais nos vê, mergulhamos na sombra.
Por isso, não economize seus gestos de amor, não deixe de expressar o afeto que sente pelos outros, não cale a palavra amiga, não evite o abraço que conforta, o elogio que estimula e faz renascer a esperança.
Não espere uma data determinada, uma ocasião especial. Todo dia é dia de viver, como diz a canção. E há sempre alguém à espera.
Os poetas dizem isso há muito tempo. Mas nós frequentemente esquecemos: a vida é breve.
(Douglas Tufano)