*Texto de Cesar Augusto de Carvalho

Quero manifestar aqui minha estranheza diante do que vem ocorrendo com a Casa das Rosas.

Durante muitos anos morei no interior do Estado e, portanto, estive distante das muitas atividades literárias e poéticas que lá se realizavam. Confesso até que sentia uma certa inveja de amigos, poetas e escritores, que podiam usufruir delas, enquanto eu, morando quilômetros de distância, não tinha nenhuma chance.

Quando voltei a morar em São Paulo, em 2015, uma das primeiras coisas que fiz foi frequentar a Casa das Rosas. Lá ocorriam todo tipo de atividades. Oficinas literárias, cursos de poesia, saraus e eventos. Uma maravilha! E a Casa ficava aberta até 22h.

Depois, veio a reforma. Compreensível e necessária. Mesmo assim, não deixei, junto com amigos, de frequentar seu jardim, onde realizamos reuniões literárias com conversas, trocas de livros e fazer novos amigos. Aí, a Casa reabriu para o que acreditávamos, retomar suas atividades tão usuais. Mas a surpresa foi grande. A Casa reabriu com uma exposição da Turma da Mônica, o que nos deixou atônitos. Eu e alguns amigos chegamos a enviar e-mail para a administração pedindo esclarecimentos sobre a mudança de rumo do museu. Qual sentido, nos perguntávamos, teria a Casa das Rosas em patrocinar uma exposição de Maurício de Souza? Não que ele não mereça. Não é essa a questão. Mas, ele precisa disso? O que tem a ver a Turma da Mônica com poesia e literatura?

Outra pergunta que não podíamos deixar de fazer: por que mudou o horário? Antes, fechava às 22h, hoje, desde o fim da reforma, fecha às 18h. E, pior, onde estão aquelas atividades tão ricas e formadoras de leitores, escritores e poetas que aconteciam com frequência? Desapareceram quase por completo.

Novas perguntas surgiam. O que aconteceria com o acervo de Haroldo de Campos, com mais de 21 mil itens, entre livros e documentos preciosos? Boatos circulavam informando que o acervo havia sido removido. Mas, você sabe, boato é boato. Mas ele não demorou muito a ser confirmado por uma matéria que saiu no jornal Folha de S. Paulo onde o irmão do poeta, o também poeta Augusto de Campos denunciou que o acervo havia sido transferido para Barueri sob o pretexto de ser recuperado. Não acredito que o motivo da mudança seja verdadeiro, e muitos de meus amigos, escritores e poetas, também não.

Fiquei tão indignado que resolvi escrever uma petição solicitando o retorno do acervo a seu local de origem e de onde nunca deveria ter saído. Até hoje a petição conta com mais de 1600 assinaturas o que pode ser conferido no link:

https://www.change.org/…/o-acervo-de…/dashboard…

Sinceramente, a mudança enigmática de rumos deste importante museu é uma grande perda para a cultura, não só paulistana, mas brasileira, tendo em vista que inúmeros poetas e escritores deixaram de ter-lhe acesso.

Voltará a Casa das Rosas ao seu destino natural, a literatura e a poesia?

Espero que sim.

*Copiado da página do Facebook do escritor Cesar Augusto de Carvalho


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