Vinho, verdades, mentiras…

“Por mais raro que seja, ou mais antigo,
só um vinho é deveras excelente:
aquele que tu bebes calmamente
com o teu mais velho e silencioso amigo.
.
Só se deve beber por gosto:
beber por desgosto é uma cretinice.
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Uma garrafa de vinho meio vazia
também está meio cheia,
mas uma meia mentira
não será nunca uma meia verdade.
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O espírito é variável como o Vento.
Mais coerente é o corpo, e mais discreto…
Mudaste muita vez de pensamento,
mas nunca de teu vinho predileto”.
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Mário Quintana
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O VINHO DE HEBE

Quando o Olimpo nos festins surgia
Hebe risonha, os deuses majestosos
Os copos estendiam-lhe, ruidosos
E ela passando, os copos lhes enchia…

A Mocidade, assim, na rubra orgia
Da vida, alegre e pródiga de gozos,
Passa por nós, e nós também, sequiosos,
Nossas taças estendemos-lhe, vazia…

E o vinho do prazer em nossa taça
Verte-nos ela, verte-nos e passa…
Passa, e não torna atrás o seu caminho.

Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios
Restam apenas, tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho.
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Raimundo Correia
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Fontes: Revista Adega e Armazém do Texto.


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