Cidades do Médio Piracicaba

Recordo aqui um belíssimo livro que recebi autografado em 2021 aqui em São Paulo. Trata-se do Cidades do Médio Piracicaba: Nova Era, São Domingos do Prata e João Monlevade, ontem e hoje (Editora Rona, 2020, ISBN 978-65-00-00429-8), de autoria dos meus amigos Mário de Carvalho Neto e Elvira Nascimento.

Quando o recebi e comecei a ler, apesar do tamanho do livro e da quantidade de informações, fui até ao final quase que de uma só tacada, tantas as boas surpresas que eu ia descobrindo a cada página, nas fotografias e nos textos que as acompanham.

Muitas das antigas fotografias de Nova Era, São Domingos do Prata e João Monlevade são do saudoso Ilídio Benevenuto Costa (Diló), pai do Wagner Diló Costa.

Eis um livro que faltava para os habitantes destas três maravilhosas cidades mineiras, um livro que faltava para os mineiros e para todos os brasileiros. Quem o ler, verá que trata-se de uma obra historiográfica importantíssima, cuidadosamente elaborada, com um perfeito casamento entre as fotografias e os textos, uma obra muito bem acabada graficamente.

Um livro que, ao meu ver, merece ser inserido em todas as bibliotecas públicas brasileiras e nas escolas, nas grades curriculares dos cursos do Ensino Médio e nos cursos superiores, especialmente nas disciplinas de História do Brasil e Geografia.

Uma leitura para, como dizem os autores no texto de introdução, viajar “Do passado ao presente pelos caminhos do rio”. E o rio aqui é o Piracicaba, “cujo minadouro brota nas terras altas de Ouro Preto, antiga Vila Rica…”, percorrendo 241 quilômetros até abraçar o Rio Doce, entre Timóteo e Ipatinga, ali pertinho da minha querida Nova Era.

Duvido que o leitor não se encantará ao ler sobre a origem de Minas Gerais, as expedições, a exploração do ouro e da prata, as ferrovias e a Estrada de Ferro Leopoldina, cujos trens vinham de Dom Silvério e seus trilhos passavam sobre a estreita ponte no Piracicaba, em Nova Era; a Mata Atlântica e os jangadeiros do Rio Piracicaba em Nova Era, quando as águas do rio ainda eram volumosas; a siderurgia que teve seu início com a chegada do engenheiro francês Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade, que veio ao Brasil a convite (por escrito) do médico mineiro Antônio Idelfonso Gomes; as sesmarias e a emancipação do arraial de Santa Bárbara, que em 1891 deixou de ser vila para chamar-se São Domingos do Prata, com a sua comarca sendo instalada em 10 de março de 1892. A origem de São Domingos do Prata, que era conhecida como “cidade de uma rua só”, assemelha-se à de Nova Era: Domingos Marques Afonso, ao sair para caçar, perder-se na mata e por vários dias ficar comendo raízes e frutas silvestres, jurou a São Domingos Gusmão que, se encontrasse o caminho de casa, doaria o terreno para a construção de uma capela; e os leitores vão se surpreender ainda com a história da construção das vilas operárias, os relatos sobre o engenheiro luxemburguês João Ensch, o João Paschoal, filho de Jean Monlevade e o episódio envolvendo o governo imperial para a instalação da grande usina siderúrgica a carvão vegetal no município de Rio Piracicaba, usina transferida em 1964 para João Monlevade, quando da criação deste município.

O que relatei aqui não passa de um aperitivo, de uma entrada para o prato principal que é este livro, cujo conteúdo alimentará, e com fartura, a imaginação de quem tem fome de conhecimento da história dos nossos antepassados, das nossas origens, das nossas cidades e da nossa gente de Minas.

Não deixem de ler. Encantem-se com a nossa história. Contem para os seus filhos, netos, sobrinhos, amigos, incentivando-os a ler.

Um abraço.


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