Morreu ontem, dia 09 de dezembro de 2024, aos 99 anos, o escritor Dalton Trevisan, que desde os anos 70 não dava entrevistas e quase não era visto nas ruas.
Nascido em Curitiba, em 14 de junho de 1925, Dalton Trevisan era formado em Direito e chegou a a exercer a atividade. Ele começou a carreira literária com a novela “Sonata ao Luar”, a qual renegava, e ganhou destaque nacional com “Novelas nada exemplares”. Sua obra é conhecida por retratar o cotidiano de forma concisa, explorando as tramas psicológicas e os costumes urbanos.
Conhecido pela vida reservada, contista curitibano conquistou os maiores prêmios para autores em língua portuguesa.
Um dos maiores contistas do Brasil, o curitibano Dalton Trevisan morreu na segunda-feira (9), aos 99 anos. Avesso aos holofotes, “O Vampiro de Curitiba” manteve por décadas uma vida reservada na capital paranaense, onde escreveu cerca de 50 livros de contos, novelas e romances — e retratou a cidade e seus personagens.
“Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é. Dalton Trevisan faleceu hoje, 09 de dezembro de 2024, aos 99 anos”, informou a publicação na página do autor, em referência ao seu apelido e célebre livro de contos “O Vampiro de Curitiba”, de 1965.
Trevisan conquistou os maiores prêmios para autores em língua portuguesa, como o Camões, em 2012, e o Jabuti em quatro oportunidades: 1960, 1965, 1995 e 2011. O escritor também levou o Prêmio Machado de Assis de 2011, o mais importante da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.
Entre 1946 e 1948, ele editou a revista Joaquim, em homenagem aos “Joaquins brasileiros”. A publicação contou com nomes como Mario de Andrade e divulgou poemas inéditos de Carlos Drummond de Andrade.
Dalton era avesso a conceder entrevistas desde os anos 1970 e levava uma vida reclusa na capital paranaense — poucas pessoas tinham acesso a ele. Em 2021, o escritor deixou de morar na casa que se tornou ponto turístico para interessados em literatura, na esquina das ruas Ubaldino do Amaral e Amintas de Barros, no Alto da Glória.
A saída do local se deu por questões de segurança e também de saúde. Desde então, o contista morava em um apartamento, no Centro de Curitiba.
“Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano”, indicou a Secretaria de Cultura do Paraná.
De acordo com o comunicado, Trevisan desvendou como poucos as complexidades humanas e as angústias cotidianas da vida urbana. “Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados”, afirmou.
“O Vampiro de Curitiba criou uma obra enraizada na capital paranaense, elevando suas ruas e seus bairros a verdadeiros personagens. Livros como ‘O Vampiro de Curitiba’, ‘A Polaquinha’ e ‘Cemitério de Elefantes’ revelam uma Curitiba sombria, mas também lírica, onde a banalidade do cotidiano convive com dramas intensos”, disse a secretaria.
Algumas das obras de Dalton Trevisan:
- Novelas nada Exemplares (1959)[8]
- Cemitério de Elefantes (1964)
- O Vampiro de Curitiba (1965)
- Mistérios de Curitiba (1968)
- A Guerra Conjugal (1969)
- A Polaquinha (1985)
- Macho não ganha flor (2006)
- Quem tem medo de vampiro? (1998)
- 111 Ais (2000)
- O beijo na nuca (2014)
Fonte do texto e das imagens: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2024/12/10/o-vampiro-de-curitiba-quem-foi-dalton-trevisan.ghtml