E vendo o meu leito vazio, meu solo árido e quase sem vida, você, fresca e gotejante, escorreu do outeiro das nuvens, e deitou em mim, e se avolumando preencheu o meu recôncavo, tomou todos os meus espaços, me dessedentando, e sem receio se adonou de mim, me umedecendo pelos meios, beijando e florescendo a extensão das minhas margens, reverdejando com a sua liquidez a rudeza do meu percurso, ajardinando o cinturão da moribunda paisagem e transbordando a sua alegria por todo canto, cicatrizando as ranhuras da minha pele, abraçando-me suavemente pelas curvas dos vales, me levando finalmente para adentrar mares e oceanos de terras, de sóis e de luas repletos de delícias que, sem a sua companhia, eu jamais sonharia navegar.