*Crônica do Professor Douglas Tufano

“Rir de tudo é coisa de tontos. Mas não rir de nada é coisa de estúpidos.”

Quem disse isso foi um antigo filósofo holandês chamado Erasmo, que viveu no longínquo século 16. Mas, se vocês pensarem bem, essa é uma observação muito sábia sobre o comportamento humano. E vale tanto para o passado como para hoje, pois o ser humano não mudou.

Hoje em dia, muita gente ainda confunde seriedade com falta de humor. No entanto, uma pessoa séria não é aquela que vive de mau humor, incapaz de se permitir uma brincadeira. Ser sério é saber encarar com responsabilidade aquilo que é importante. Mas nem tudo é importante na vida. Por isso, devemos aprender que há tempo para rir e tempo para ficar sério. Quem não sabe diferenciar um tempo do outro, diz Erasmo, ou é tonto ou estúpido.

E eu digo a vocês: saber rir de si mesmo é também uma prova de sabedoria e maturidade. Quem é muito severo consigo mesmo, sofre bastante, vive se mortificando, perde a autoestima. Frequentemente, cai em depressão.

Mas saber rir de si mesmo significa saber reconhecer seus limites e estar consciente de que ninguém é perfeito. Ser autoindulgente, isto é, saber perdoar-se quando não conseguir alcançar alguma coisa, é uma grande qualidade numa pessoa. Devemos ser exigentes com nós mesmos, mas na medida certa. Um pouco menos, viramos pessoas irresponsáveis, que não levam nada a sério. Um pouco mais, nos suicidamos.

Por outro lado, quem gosta da companhia de alguém extremamente exigente, que quer tudo perfeitinho, que é tão implacável com relação a si mesmo quanto com relação aos outros? E, pior ainda, que não admite brincadeiras nem faz brincadeiras? Uma pessoa assim é insuportável.

Quando alguém é capaz de rir de si mesmo, de não se levar exageradamente a sério, é capaz também de compreender melhor os outros, de não dar importância a coisas insignificantes; por isso, melhora seu relacionamento e torna-se uma pessoa agradável.

Por isso, acho que tinha muita razão aquele filósofo holandês. Quem não ri de nada é porque não está entendendo nada. É estúpido mesmo. Tem muita dificuldade de perceber que a vida não pode ser calculada com precisão matemática e que as pessoas não são programadas. A vida tem seus imprevistos e suas contradições, nem tudo que planejamos pode dar exatamente certo. Por isso, devemos ter jogo de cintura para contornar as situações e humildade para reconhecer que nós também podemos dar vexames e provocar riso nos outros. E com nosso exemplo, os alunos podem aprender mais essa lição de vida.

Douglas Tufano
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*Publicado em 2013 na primeira versão da Revista PROTEXTO, com texto e imagem do site do Professor Douglas Tufano:
www.douglastufano.com.br/

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