Alison, meu sobrinho

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Saudade….

Um novaerense ausente, definitivamente ausente mesmo, o meu sobrinho Alison Alves, um menino poeta dos mais apaixonados e dos mais apaixonantes. Este texto, publicado no facebook em 30 de Julho de 2018, a pedido dele, tirei-o hoje, lá do fundo do baú das minhas tristes lembranças.

Ele constantemente me pedia para escrever cartas e poesias “pra ganhar alguma menina”, mas terminei por convencê-lo de que ele mesmo devia escrever, pois nele havia o dom. Até que começou a escrever e a me mostrar. Mandava os versos e as cartas, me perguntando se estava bom pra mostrar pra sua atual namorada, ou pra uma nova pretendente. Muito jovem, antes dos 18 anos, sempre que eu ia de SP para Nova Era, ele lia as minhas poesias em voz alta na casa da minha mãe, no Aleixo. Assim que era avisado da minha chegada, ia pra casa da avó, normalmente à noite, depois de chegar do trabalho. Estava sempre com um livro à mão e eu lhe dava mais um ou dois, meus ou de outro autor ou autora, antes de ele ir embora. Em 2019 ele comprou o meu livro de poesias Para uma Nova Era (editora Patuá) na Feira de Artes e Artesanato de Nova Era, evento organizado pela Priscila Drumond Faustino Magalhães . Ele chegou à feira quando o prefeito Txai Costa e outros novaerenses compravam o mesmo livro. Alison amava poesia, o que era perceptível no brilho do seu olhar quando me pedia pra recitar alguns versos, ou um poema da Adélia Prado, do Castro Alves, do Affonso Romano Santanna, da Carolina Maria de Jesus, do Drummond… Eu lia olhando direto nos seus olhos para que ele visse o movimento dos meus lábios, tomando muito cuidado com a dicção, pois ele tinha uma grave deficiência auditiva. Nem o aparelho nos seus ouvidos ajudava muito. Era um menino cheio de sonhos, com vontade de trabalhar, de vencer.

Este poema abaixo ele me mandou após uma namorada de repente “dar um fora” nele. Pediu-me para revisar e tirar o nome da menina para quem ele dedicava. Quase nada mudei no texto, a não ser pequenas concordâncias verbais aqui e ali e duas ou três palavras para dar alguma rima e um pouco mais de graça, como ele me pediu.

Da última vez em que fui a Minas não o vi, pois fiquei pouquíssimo tempo lá.

No mesmo dia em retornei para São Paulo, fui avisado que ele sofrera um acidente com a sua moto, quando voltava do trabalho, onde estava tão feliz. O acidente ocorreu no início da noite, no trevo de Bela Vista de Minas, cidade que antigamente era distrito de Nova Era. Um motorista imprudente e completamente bêbado entrou na contramão, atingindo a sua moto de frente. O meu tão jovem e apaixonado sobrinho poeta não resistiu muitos dias no leito do Hospital Margarida, em Monlevade.

Ficaram as lembranças, esta poesia, e a saudade…

A moça para quem ele escreveu estes versos, fiquei sabendo que já se casou e tem um filho.

AH! ESSE SORRISO…

Quando um sorriso único te chama a atenção, mesmo sem você saber o porque… ainda assim todos os outros deixam de existir.

Faz tanto tempo…

Faz tanto tempo que a gente se conheceu…

Como partiste assim, de repente?

Sem nem te despedires?

O que houve com a gente?

O que foi que aconteceu?

Sinto tanta saudade…

Sem ti, minha vida anoiteceu.

Loucamente apaixonado, sofro desde a tua partida.

E me recordo perfeitamente do teu sorriso.

Sorriso que trouxe o sol pra minha vida.

Algumas lembranças deixam-me feliz,

outras me entristecem.

Eu te magoei? O que foi que te fiz?

Saudade da tua beleza, do teu carinho, saudade do teu amor.

Saudade da tua voz, do teu corpo, do teu calor.

Sem saber pra onde ir nem o que fazer,

perco-me à procura de outros amores pra tentar te esquecer.

Mas meu coração não me deixa te esquecer.

Este coração me diz que um dia ainda voltarás pra mim.

Ah, minha doce ternura!

Não me deixes deste jeito.

Vem me tirar do peito esta dor.

Volta logo, volta hoje, vem me dar o teu amor.

Vem agora, sem demora,

para serenar o meu peito, para acalmar o meu coração que chora.

Alison Alves (Aleixo – Nova Era-MG)


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