Economia Colaborativa o que é

Com a expansão da internet e a criação da internet das coisas, a economia está mudando rapidamente para um modelo de economia colaborativa.

Nos próximos 10 a 15 anos, se você (que já está no mercado de trabalho) não mudar radicalmente sua forma de pensar, vai se tornar totalmente obsoleto, como um cd player (para não dizer um vinil) de 10 anos atrás. Suas chances de ocupar posições de liderança, seja em uma organização, seja em seu negócio próprio, serão mínimas e seu lugar será reduzido às áreas consideradas menos nobres, meramente auxiliares e sub-remuneradas.

Desculpem por lançar esse alerta de maneira tão rápida e dura, mas era preciso dar esse choque em você para que tome uma atitude imediatamente.

Economia Colaborativa o que é

O conceito por trás da economia colaborativa

O modo de vida e de produção inaugurado após a Revolução Industrial, depois de alguns séculos, esbarrou em seus limites físicos.

Com 7 bilhões de pessoas no mundo, não há matéria-prima suficiente para que cada um tenha seu próprio carro, notebook, celular, brinquedos e resolva trocá-los por outros, novinhos, a cada 6 meses (ou muito menos, no caso dos brinquedos). Tampouco há onde descartar tudo isso que se consome de maneira irracional.

A globalização, embora possa ser mantida em termos de conexão mundial (via rede), também esbarra em limites de emissão de CO2 no caso de mercadorias (muitas vezes fúteis) que rodam o mundo várias vezes até chegarem a seus consumidores finais. Carros circulam com uma pessoa, enquanto poderiam circular com cinco.

O desperdício geral na economia é o fator a ser combatido para que se possa transpor a barreira física que se ergueu diante da civilização.

A transição para uma economia compartilhada ou solidária

Não por acaso, justamente nesse estágio da sociedade, surge a internet, propiciando comunicação global entre pessoas e a internet das coisas, propiciando a sincronia eficiente entre máquinas automatizadas (todos efeitos da internet das coisas ainda estão para ser conhecidos, já que é algo mais recente).

Sites e app estão revolucionando a economia

Grandes e caras estruturas bancárias são evitadas com sites de empréstimo P2P, estruturas de imobiliárias são evitadas com sites de locação e compartilhamento de lugares, como o Airbnb e o Couch Surfing.

Agora, o desperdício dos carros circulando vazios é contornado com um aplicativo de carona.

Então, quando muita gente pensava que o app de carona (e suas limitações, já que há muita gente com medo de levar outras pessoas no carro), era o máximo que se poderia fazer na luta contra os carros vazios, eis que surge um exemplo marcante de como a criatividade não tem limites: o My Ways, da DHL.

Se você entender esse app, você entende o que estamos falando sobre redução do desperdício.

A DHL tem pacotes para entregar por todos os lados. Para isso, teria que manter uma enorme estrutura de caminhões, caminhoneiros, galpões de estoque. Uma fortuna, mas um desperdício em uma economia colaborativa.

Com o My Ways, qualquer usuário do app que estiver indo em uma direção pode se prontificar a levar uma encomenda, “matando” espaço morto em seu veículo e fazendo uma renda extra.

O ponto de largada, a economia de hoje (ou melhor, de ontem)

Os desafios são muitos, já que 99% da economia ainda está projetada para o modelo antigo de produção e distribuição dos bens e já que quase todas as pessoas que hoje estão no mercado de trabalho foram educadas nesse contexto ultrapassado.
A mentalidade das pessoas ainda é um grande bloqueio a ser superado. Pessoas que foram criadas em um ambiente repressor de suas personalidades, oprimidas por:

  • Seus pais;
  • Sua educação;
  • Pelo mercado de trabalho;
  • Pelo governo;
  • Eventualmente, pela religião.

Os adultos de hoje, por terem sofrido tanta repressão (nosso modelo de sociedade ainda é assim), acabaram se tornando narcisistas, materialistas (e com um instinto para acumular bens), pessoas agressivas e violentas.

Não sou eu quem diz isso, mas um dos maiores expoentes da economia colaborativa, o Jeremy Rifkin, autor de livros, consultor de algumas das maiores empresas e dos maiores governos do mundo.

Nesse vídeo abaixo ele fala sobre uma sociedade da empatia, aborda essa fase de transição que vivemos e, sobre o materialismo e egoísmo causados pela repressão que sofremos, você encontrará especificamente e exatamente após 10 minutos do vídeo abaixo (infelizmente, está em inglês):

 

A nova geração dominará as posições estratégicas

A boa notícia é que as novas gerações já podem, desde cedo, serem criadas sob um novo paradigma, o paradigma da criatividade e da colaboração, dispondo de todas as ferramentas tecnológicas desde cedo, para alcançar seus objetivos.

Para ser sincera, será desleal a concorrência que você sofrerá dessas crianças de hoje, daqui a uma década ou duas, quando elas ingressarem no mercado de trabalho. O único jeito de sobreviver, é você começar a se transformar hoje para a mesma forma de pensar que elas possuem.

A mudança começa nas escolas

O sistema tradicional de educação vertical já é contestado há cerca de um século, por escolas com propostas pedagógicas alternativas e de desenvolvimento da personalidade e criatividade, como a Pedagogia Waldorf.

Porém, esses modelos eram aplicados até certo estágio do desenvolvimento, como a fase pré-escolar ou, no máximo, o ensino fundamental.

Mas, recentemente, estão surgindo escolas de nível superior ou profissionalizantes em que a aposta está no ensino colaborativo, baseado em projetos e onde os alunos são protagonistas da aprendizagem (e não meros expectadores).

Um exemplo claro disso é a escola dinamarquesa Kaospilot, uma escola internacional de empreendedorismo, criatividade e inovação social.

A escola oferece formação profissional de 3 anos, veja os nomes de 4 disciplinas

  • Projeto de negócio criativo;
  • Projeto de liderança criativa;
  • Concepção de projeto criativo;
  • Projeto de processo criativo.

Tirando as palavras projeto e criativo, que estão em todas as disciplinas, temos o que realmente compõe cada uma delas: negócio, liderança, concepção e processo.

Em algumas entrevistas do diretor da instituição, pudemos ver que ele fala da necessidade de conectar aprendizado com um propósito e fala também que espera que seus alunos, ao saírem, criem uma empresa, quem sabe, uma ONG. Mas que continuem sempre aprendendo e, caso sejam contratados, acredita que serão em setores criativos e de liderança. Ele defende ainda que a curiosidade constitui um fator crucial no aprendizado. É ela que propicia manter um aprendizado profundo e contínuo.

Oportunidades em uma economia colaborativa

Na economia colaborativa que está nascendo, a ênfase não está em regras prévias a serem seguidas. Não é mais aceitável simplesmente algum “iluminado” se sentar e redigir uma enciclopédia do caminho correto. Isso está morto e ultrapassado.

A ideia é empoderar as pessoas, dar-lhes informação e poder para criarem os caminhos, em meio a ao caos do mundo e às diferentes exigências e necessidades dos demais.

Para quem, como eu e você, que já estamos no mercado de trabalho, já fomos educados e não há como apertar um botão de reset, o importante é começarmos imediatamente uma transição para o novo paradigma.

Pense mais uma vez no aplicativo My Ways da DHL, que citamos acima.

Um diretor ultrapassado diria: temos que cortar custos e melhorar a eficiência de nossa logística.

Um freelancer consciente das mudanças, mas que não desenvolveu toda sua criatividade, diria: não há mais oportunidades para aproveitar os carros vazios, já inventaram um app de carona.

Uma pessoa que já fez a transição para a mentalidade da economia colaborativa tem a brilhante ideia de aproveitar pessoas comuns para distribuírem pacotes.

Mudar nossas mentes não é algo que se faz de uma vez, é um processo.

Aqui no MTL nós compartilharemos com você todo o material de nossas pesquisas a respeito. Esperamos que você também compartilhe suas vivências e opiniões.

Além de escrever para o MTL, caso queira, você pode começar desde já a contribuir e ver as contribuições de outros no Artigo Colaborativo que criamos especialmente para o assunto que tratamos hoje.

Comentário em destaque: Mayara

Liz, essa reflexão é muito pertinente para o momento em que vivemos. O modelo ultrapassado no qual fomos educados não comporta mais as mudanças de comportamento que já estão em andamento. Ou quebramos os paradigmas e cristalizações ou seremos engolidos pela nova geração, como bem mencionou. Além disso, ainda temos um papel fundamental nessa história: criar os filhos para esse novo mundo. Apesar do progresso ser inexorável, se criarmos os filhos para apenas fazer Enem e ter um bom emprego, eles continuarão na Corrida dos Ratos. E serão também engolidos por quem expandiu os horizontes. Meu marido e eu começamos a nos inserir nessa economia colaborativa com a criação da Jungle Co-working, um espaço colaborativo de desenvolvimento de jogos eletrônicos, em que diversas pessoas ou estúdios dividem o mesmo espaço, interagem e crescem. Até meados de julho terminaremos a construção. A procura já está grande! Esse é o caminho mais sustentável, em todos os sentidos. Obrigada por compartilhar esse conteúdo. O MTL será fundamental para quebrar as correntes que ainda nos prendem.

Escondido entre as pessoas que se encontravam na praça em frente à sede do governo, em Buenos Aires, Argentina, um rapaz

Pablo Javier sempre soube de sua adoção e não tinha motivos para não acreditar quando lhe contaram que foi trazido da Província de Missiones, perto da fronteira com o Brasil. Mas a dúvida surgiu quando, em 2001, com 23 anos, ao assistir um programa de televisão sobre crianças desaparecidas na época do regime militar, começou a desconfiar que detalhes sobre sua história não se encaixavam como deveriam.

 

Entretanto, levou 11 anos para tomar coragem e se aproximar das Avós da Praça de Maio e colocar para fora suas dúvidas. O exame de DNA, realizado pela Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (Conadi), em julho de 2012, confirmou que ele era filho de um jovem casal de militantes desaparecidos nos tempos da Guerra Suja, como ficou conhecido o período do regime militar implantado na Argentina entre 1976 e 1983.

 

Filho do paraguaio Ricardo Gaona Paiva e de María Rosa Miranda, argentina da Província de Tucumán, Pablo nasceu no Hospital Rivadavia, em Buenos Aires, em 13 de abril de 1978. Um mês depois, em 14 de maio, seus pais o levaram à casa de seus avós paternos para uma festa familiar. Ao voltar, o casal e o bebê foram sequestrados e ninguém teve mais notícias deles, contou Estela de Carlotto na entrevista coletiva que revelou a história do 106º neto perdido e encontrado pelas Avós da Praça de Maio.

 

O mal pela raiz

Durante o Processo de Reorganização Nacional – nome pomposo dado à ditadura pela Junta Militar que governou o país –, desapareceram, aproximadamente, 30 mil pessoas suspeitas de serem associadas a movimentos de esquerda. Para justificar a guerra contra o comunismo e seus “terroristas subversivos”, o primeiro líder da junta, o general Jorge Rafael Videla, declarou que “terrorista não era apenas aquele que instala bombas, mas tem ideias contrárias à civilização cristã ocidental”. Então, na opinião da Junta Militar, o melhor mesmo seria cortar o mal pela raiz, prendendo, torturando e matando ativistas de movimentos de esquerda como o Exército Revolucionário do Povo (ERP), no qual militavam os pais de Pablo.

 

Paul, tio paterno de Pablo, mostra fotos de Ricardo Gaona e María Rosa

 

As forças de segurança cumpriam à risca as ordens recebidas e não raro extrapolavam seus deveres, condenando à morte perseguidos políticos, sem se importar se estavam ligados ou não a atos de terrorismo. Esse foi o caso, por exemplo, de 60 estudantes secundaristas do Colégio Manuel Belgrano, em Buenos Aires, que desapareceram só porque ingressaram no conselho estudantil da escola que não tinha vínculo algum com grupos de guerrilha ou com organizações estudantis banidas pelo governo militar.

A Justiça espanhola condenou o ex-capitão da marinha argentina, Scilingo, a 640 anos de prisão. É o primeiro caso em que uma pessoa presente a seu próprio julgamento é condenada por crimes contra a humanidade em um país estrangeiro

Marguerite Feitlowitz, na época, professora em Harvard, em seu estudo pioneiro, A Lexicon of Terror: Argentina and the Legacies of Torture, dá uma dimensão dos anos negros da ditadura argentina. Cerca de 30% dos desaparecidos eram mulheres e 3 % eram grávidas mantidas vivas até darem à luz. Muitas foram presas com os filhos pequenos ou engravidaram na prisão, por conta de estupros cometidos por guardas e torturadores. Muitas conseguiram amamentar seus recém-nascidos por alguns dias até que seus bebês lhes fossem tomados antes de serem “transferidas”, eufemismo usado para informar que seriam mortas.

 

Os voos da morte

A repressão promovida pelo Estado foi infinitamente maior do que a ação da oposição. A chamada Guerra Sucia impôs um verdadeiro genocídio ao povo argentino. Nenhum acontecimento, entretanto, causou mais espanto do que o revelado pelo ex-capitão da Marinha Adolfo Francisco Scilingo. Ao ser entrevistado para o jornal Página 12, em março de 1995, confirmou o que todos já imaginavam, mas não tinham certeza: a ditadura militar fez quase uma centena de “voos da morte”. Arrependido de sua participação nessa estratégia, Scilingo revelou que 4.400 pessoas foram assassinadas ao serem arremessadas no Rio da Prata e no mar pelos aviões da Marinha. Condenado a 640 anos de prisão pelos tribunais da Espanha por crimes contra a humanidade, o ex-capitão sustentou que os voos da morte não eram um procedimento circunstancial, mas parte de um plano para eliminar os corpos dos desaparecidos.

Os passageiros ficavam presos na Escola de Mecânica da Armada (Esma) e eram levados do centro de tortura em grupos de 15 a 20 de cada vez, sempre às quintas-feiras. Antes de serem jogados ao mar, relatou o ex-capitão em seu julgamento, os prisioneiros eram drogados com o soro da verdade (pantotal sódico), para que não pudessem ver o seu triste fim.

 

Identidade trocada

Segundo entidades que lutam pelos direitos dos desaparecidos políticos, como a Associação de Familiares de Desaparecidos e Presos por Razões Políticas e as Avós da Praça de Maio, pelo menos 500 recém-nascidos e crianças pequenas foram separados de pais desaparecidos, tiveram suas verdadeiras identidades suprimidas e foram dados em adoção para casais de policiais e militares sem filhos e outros favorecidos pelo regime. Pablo Javier Gaona, por exemplo, foi entregue à família que o adotou por um coronel reformado, primo de seu pai adotivo.

 

Estela de Carlotto, presidente da associação das Avós da Praça de Maio| Foto: Fernando Gens/Télam/ef

De acordo com as Avós da Praça de Maio, organização que tem por objetivo localizar e retornar às suas famílias legítimas todas as crianças desaparecidas, os sequestros de bebês e jovens grávidas, o funcionamento de maternidades clandestinas, como a montada na Escuela de Mecánica de la Armada, a existência de listas de espera para adoção e as declarações de militares que participaram da Guerra Suja demonstram a existência de um plano arquitetado não apenas para suprimir adultos, mas também para privar os filhos de militantes de esquerda de suas verdadeiras identidades.

 

O historiador e escritor argentino Carlos De Nápoli, autor de vários livros sobre o nazismo, afirma que a estratégia da ditadura portenha ao sequestrar crianças utilizou um método idealizado pelo nazismo executado pelo Escritório Principal para a Raça e o Reassentamento (Rusha). Essa organização alemã pretendia, entre outros objetivos, assassinar as minorias consideradas impuras e indesejáveis. No caso da Argentina, essas minorias eram representadas pelos “terroristas perigosos” definidos pelo general Videla.

 

“As ideias nazistas permearam a ditadura argentina. A decisão de eliminar os adversários é a mesma da “solução final” de Adolf Hitler. A estratégia consta de um documento assinado pelo primeiro ditador, Jorge Rafael Videla. No documento, os militares se propunham adotar ou doar os filhos de militantes políticos com o objetivo claro de criá-los com outra ideologia, a deles. Para que isso acontecesse, permitiam que as mulheres tivessem seus bebês, para serem mortas logo em seguida. A existência das listas para a adoção prova que os bebês não eram indesejáveis. Os pais, sim, eram, não interessavam ao governo, tanto é que foram sumariamente assassinados”, conta à revista Leituras da História o jornalista e escritor Samarone Lima.